terça-feira, 29 de junho de 2010

ela tira o som da tv, mas deixa ligada, a meia luz agrada
na cabeça passam mil aventuras
quem dera se não tivessem fim
ela senta de pernas cruzadas, acende um cigarro
já é noite, ela está só, e pode passear nas lembranças
então começa saboreando o tom das palavras ouvidas
como se fossem melodia
o toque das mãos suadas
a febre e o sorriso que não saía do rosto
o beijo encaixado
o corpo entrosado, embalado
de repente tudo azul, tudo quente
mais um cigarro e mais chico
ela coleciona prazeres
seus olhos guardam fotografias
ela procura o jeito sem jeito poético de encarar
pra não ter de novo que costurar
aquele velho coração
imenso coração de contradição
encaixota os abraços
manda pelo correio
e se esquece um pouco do passado
vai durmir.

sábado, 5 de junho de 2010

amo o jeito livre de amar
de me deixar aprofundar em mim
de acordar despenteada e assim ficar
de ser feita do que vivi, e ainda muito mais dos sonhos e fantasias
de poder pensar alto
de não ser só amigo ou só amante
de ser companheiro
das confidências de amores passados
de poder olhar pro passado sorrindo
com a certeza de não me arrepender de nada,
nem dos enganos
nem dos tropeços
que me mostraram óticas diferentes da mesma vida
eu não sei o que busco
mas abro um abraço pro meu caminho
abro o peito,
agora com o coração mais calmo
um relógio não tanto apressado
e sem esconder a ância de conhecer
seja lá o que for
só sei que atoa neste mundo eu não vim...