terça-feira, 29 de junho de 2010

ela tira o som da tv, mas deixa ligada, a meia luz agrada
na cabeça passam mil aventuras
quem dera se não tivessem fim
ela senta de pernas cruzadas, acende um cigarro
já é noite, ela está só, e pode passear nas lembranças
então começa saboreando o tom das palavras ouvidas
como se fossem melodia
o toque das mãos suadas
a febre e o sorriso que não saía do rosto
o beijo encaixado
o corpo entrosado, embalado
de repente tudo azul, tudo quente
mais um cigarro e mais chico
ela coleciona prazeres
seus olhos guardam fotografias
ela procura o jeito sem jeito poético de encarar
pra não ter de novo que costurar
aquele velho coração
imenso coração de contradição
encaixota os abraços
manda pelo correio
e se esquece um pouco do passado
vai durmir.

Um comentário:

Renata de Aragão Lopes disse...

"ela coleciona prazeres"

O verso mais bonito! : )

Beijo,
Doce de Lira